No fim de setembro completou um ano de internação da minha sogra.
Quem mais teve que se adaptar a tudo isso foi, com certeza, o meu sogro.
Acredito que as filhas também. Minha sogra era muito presente na vida diária delas, cuidando dos netos e cuidando até das casas delas.
Minha sogra era pau pra toda obra. Realmente uma pessoa chave que adorava organisar festas, sempre animada, de bem com a vida e que fazia tudo em casa.
A internação dela foi uma bomba, meio inesperada. Sabíamos que um dia aconteceria, mas todo mundo queria prorrogar ao máximo. Porém não era mais possível tê-la em casa. Era até perigoso.
A intenção era que ela ficasse apenas uns dias, porém, diante do estado dela e seguida de uma avaliação médica, a internação definitiva foi indicada.
E a demência veio com tudo. Há um ano ela está lá na clínica. Ela está bem, mas perdemos muito da sua personalidade.
Já deixou de fazer atividades porque a cabeça não ajuda mais.
Continua alegre, gosta de cantar e conversar. Porém não é nem a sombra da mulher que era antes. Não tem mais ideia de tempo, de que ano estamos, se tem netos, os filhos ainda são crianças...muitas lembranças se foram, infelizmente.
Porém, nos consola saber que ela está num lugar super bem estruturado.
É como um condomínio de apartamentos. Existem espaços diversos de convivência, restaurante, jardins internos e externos.
Ela já está num departamento restrito. Temos um código para ativar o elevador e abrir as portas. Tudo é muito amplo e confortável. O quarto dela foi cuidadosamente decorado para que ela se sentisse em casa...mas com o tempo, ela não reconhece mais os objetos tão estimados, não se reconhece nas fotos...tudo perdeu o significado.
Os funcionários são bem atenciosos. Há toda uma rotina e ela está bem adaptada lá.
Minha sogra é a mais amorosa. Chama todo mundo de "lieve schaat" e beija e abraça todo mundo.
Existem outros internos, um senhor italiano, que penso nem ter 70 anos, que está se esquecendo do holandês...uma outra senhora de 98 anos! Minha sogra é a mais jovem com 73 anos.
Praticamente toda a internação dela é pelo convênio médico. Meu sogro paga apenas despesas extras como a lavagem de roupas e algumas atividades extras.
Ah, sim, sempre que possível ela está presente nas nossas festinhas de família. Meu sogro também costuma sair com ela e visitar amigos. A clínica não tem rigidez quanto a isso...de ir buscar, de levar, até mesmo se passar uns dias fora.
E assim, seguimos todos, conformados e procurando tê-la por perto sempre que possível, mesmo ela já meio ausente.
Meu sogro já tem a rotina dele, está bem mais leve e tranquilo. Redecorou a casa de acordo com o gosto dele...No entanto é triste chegar lá e não ter mais a minha sogra.
Tentamos não mais pensar pelo lado triste...nos adaptamos e, como sempre falo,
felizmente temos acesso a uma assistência que torna tudo menos sofrido.
No mais, é tentar fazer o melhor que podemos.
2 comentários:
É uma situacão muito triste que vocês estão vivendo e ao mesmo tempo, é muito bom que ela tenha todo esse apoio, mesmo sem nem sequer saber de onde e porque isso vem (e nem se preocupar com isso). Com certeza a vida dela é muito mais significativa e ela, muito mais feliz, à sua própria forma.
Mas para todos que tem as lembranças de quem ela era, e as vezes no fundo a esperança de ter algum mínimo de lembrança da parte dela... é muito triste. E como você falou, o tempo ajuda a nos preparar, nos curar (ou ao menos melhorar, adaptar).
Um grande beijo a vocês!
É isso mesmo, o que podemos fazer em situações assim é mesmo fazer o melhor possível... Beijinhos e que 2020 seja melhor!
Aproveito para avisar que o blog tem novo endereço URL:
http://abonecadeneve.blogspot.com
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