Então, cá estou eu de volta.
Deixa eu contar uma ladainha que tem acontecido todas às segundas feiras. É alguma série na TV? Não. É novela, não...é um drama mesmo. É uma situação que me consome, porque eu sei que é um abuso, não é normal. Têm me irritado há tempos e tirado a minha energia emocional.
Sabe, eu não me nego a colaborar, porém quando começa a passar de um certo limite para o abuso, aí eu não quero mais saber de conversa.
O vizinho, marido da vizinha folgada. Tá, eu sei, eles são gente boa. São simpáticos, estão sempre mostrando interesse na gente, convidam para os aniversários dos filhos. Às vezes, eu tomo um café com ela e ok...é assim.
Eles me pedem para ajudar com as crianças, ajudo.
Outro dia perderam a menina na excursão da escola. A avó - que não fala holandês e nem inglês e nem português - ía buscar a menina. Eu fui junto porque ela me pediu, pois ela não estava certa do local de desembarque das crianças. Ok, fui. Nada da excursão chegar. Já estranhei que tinha ninguém no local. Pois bem...ligo para a mãe, que estava trabalhando, para dizer que a excursão não tinha chegado. Enfim, ela disse que não sabia de nada. Disse que iria tentar contato com outros pais. Me ligou de volta e disse que NINGUÉM sequer atendeu aos telefonemas dela. Lá fui eu pra escola. Felizmente, encontrei a menina lá. Quase quebrei o pau com a professora da menina, porque eu questionei o horário de chegada, o que tinha acontecido e aquele perrengue todo. Ela me disse que chegaram antes do horário previsto. Então deveriam ter ligado para avisar a mãe de que a menina estava na escola. Enfim, virei as costas e trouxe a menina de volta pra casa, sã e salva.
Mas voltando ao holandês, marido da vizinha.
Ele começou a vir aqui de segunda feira. Dizendo que o menino não tinha acordado e que ele precisava buscar a menina na escola. Pra eu ficar com o babyphone pois era coisa de quinzes minutos apenas.
Primeira vez, ok, segunda vez, ok, terceira vez, ok...e outras vezes, ok...só que eu me toquei de que não era um acaso de que o menino não acordava...não era uma situação imprevista. Ele sabia que o menino não ía acordar, porque ele trazia o menino da creche e o colocava para o sono da tarde uma hora mais tarde do que o menino estava acostumado. Óbvio que o menino iria dormir mais tempo e não estaria acordado para sair com o pai na hora de ir buscar a irmã na escola.
Aí eu conclui: ele está contando comigo para ajudá-lo no dia de folga dele. O que eu tenho a ver com isso? Eu não sou parente, não sou tia, não sou amiga...só vizinha. Por que ele acha que pode agora bater aqui toda seguda feira para me pedir favorzinho?
Semana passada, não abri a porta. Já pensei em sair de casa no horário que eu sei que ele vai bater aqui. Já pensei em me esconder no guarda roupas....PATÉTICO! Eu não devo nada a ninguém, muito menos a ele. Estou na minha casa, faço o que quero. Vou ter que me esquivar agora? Eu quero é que ele pare de vir aqui, pare de me solicitar para coisas que nada tenho a ver. Como se eu estivesse olhando para as paredes sem fazer nada da vida e que é um júbilo ele me dar a oportunidade de ficar com o babyphone do filho dele.
E hoje, a campainha tocou...e eu pensei: Vá lá e acabe com esta PALHAÇADA!
Abri a porta com cara de poucos amigos. Tipo, diga logo o que você quer.
_Você pode ficar com o menino mais tarde?
Eu:
_Você vai vir toda segunda feira aqui me pedir isso? Para tomar conta do menino?
Ele fez uma cara sem graça, gaguejou e continou:
_É, hum, eu tenho que levar a menina no médico mais tarde, por isso.
Eu:
_Ah, ok. NÃO, eu não posso ficar.
Ele fez uma cara de que não gostou, não. Deu tchau e se foi.
Queimou créditos comigo pedindo ajuda em hora que não precisava. Não fiquei com dó, não. Se vira...quem pariu Mateus, que balance o berço.
Esta é boa, ainda faz cara de decepcionado.
Simplesmente não entra na minha cabeça que a pessoa não tenha um pingo de noção do que está fazendo. A gente não fica solicitando os outros de maneira fútil. Cada um com a sua vida, os seus compromissos. Lógico que numa situação de necessidade, ninguém se nega a ajudar.
Queria ver se fosse o contrário. Queria ver se fosse eu batendo lá toda vez que ele está de folga em casa para pedir algum favor a ele. Com certeza ele ia me dar uma invertida daquelas de perder o rumo pra casa.
Espero que ele tenha entendido o recado.
4 comentários:
tambem espero que ele tenha entendido o recado... hunfs
Adoro vir aqui e acompanhar essas histórias, tá parecendo mesmo uma série rs. e isso não acontece só no BR, vizinhos são parecidos em qqr lugar do mundo haha. Parabéns pela atitude.
Interrompemos a nossa programação para aplaudir de pé Eliana por se impor em relação ao vizinho folgado. Esses estrangeiros parecem que sabe que nós temos bom coração e ficam se aproveitando sim se vc deixar, mas eles não fazem isso com os da própria cultura deles.
Gostei da "voadora nos peito" que vc deu nele: Vai ficar batendo cartão toda Monday para eu olhar o menino?
Se garantiu!!!! Parabéns!!!!!
www.vivendolaforanoseua.blogspot.com
Olá. parabéns pela coragem. E de fato, tem gente folgada em todo lugar, mas ele não esperava essa invertida.
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