A "Mudança para a Holanda" já aconteceu há alguns anos.
Hoje já tenho uma certa rotina mas, ainda, com algumas coisas novas... assim é a vida.

Muitas coisas aconteceram... nascimentos, amizades novas e fortes, outras frágeis e desfeitas.
E vai-se vivendo e aprendendo, ou não...afinal quem é perfeito? Eu tento...
E a vida ainda segue, meus caros, no "Vivendo aqui na Holanda"...
Seja bem vindo(a)!

terça-feira, 20 de agosto de 2019

O que os pais não revelam sobre os filhos deles e você descobre depois

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Senta que lá vem história...
Mesmo eu dando aquele basta no vizinho mais que folgado, que batia aqui direto para pedir favorzinhos para eu ajudar com os filhos, ele veio aqui de novo, me fazer uma proposta indecente.
Em junho eu fiquei durante as três primeiras semanas com os filhos dos vizinhos. Eram apenas dois dias na semana, suficientes para eu fazer toda uma análise.
Uma coisa eu vou deixar claro: eu NUNCA me ofereci como babá, nunca me ofereci para tomar conta de crianças nem por camaradagem porque eu sei que vira abuso. Eu mesma nem filhos tenho. No entanto, como ele disse que não tinha mais para quem pedir, ele veio falar comigo porque ele sabe que as crianças me adoram. (Golpe emocional...porque não queria pagar mesmo alguém ou uma creche que tem um valor muito maior do que eles me ofereceram, aliás, nem me pagando o valor real eu teria interesse)
A senhora que cuida das crianças estava impossibilitada de vir e teria que ficar um tempo afastada.
Enfim, não custava ajudar. Aceitei a parada.
A menina já tem sete anos. Na primeira semana, correu tudo bem. Eu tinha que buscá-la na escola e levá-la pra aula de dança. Não precisava ir buscar da dança. O que, na segunda semana, isso mudou. Já me pediram para ir buscar a menina e ficar com ela até que uns dos pais chegasse.
No primeiro dia com o menino, que era o dia todo, foi meio chato. Ele não queria dormir e me chutou na hora de trocar a fralda. E eu tinha que ir buscar a menina na escola também e ficar com eles o dia todo. Eram dez horas initerruptas de trabalho. Era o dia mais cansativo.
Comecei a analisar que lógico que a mãe preferia ir trabalhar mesmo. Aliás, não sei porquê ela resolveu ter filhos. O perfil dela é o da mulher de carreira. O trabalho sempre em primeiro lugar. Filho doente não amolece o coração dela, não. Viaja, sai em fim de semana sozinha....filhos? Ficam com a avó, com o marido, comigo, com quem ela conseguir arranjar.
Segunda semana com a menina...ela já não me ouvia muito bem. A sacola dela com a roupa da dança não estava pronta conforme os pais me prometeram que estaria. Ela me mandou procurar a sacola como se falasse com uma serviçal. Oi? 
E me perguntei: o que estou fazendo mesmo tomando conta destas crianças????
No segundo dia, da segunda semana, o menino de novo fez birra no parque. Eu olhei bem para a cara dele e disse que se ele não parasse com o show, eu iria deixá-lo ali sozinho e iria embora. Ele parou na hora...não quis correr o risco. Drama na hora de colocar para dormir o sono da tarde.
A menina foi para um aniversário e eu não precisei buscá-la na escola.
Terceira semana...primeiro dia com a menina. A criatura saiu da escola com uma cara de horrores. Me ignorou. Não trocou uma palavra comigo, enrolou para pegar a bicicleta e eu a chamando pois o tempo era curto entre a saída da escola e a aula de dança.
Em casa para pegar a sacola, ela resolveu que queria jogar no telefone. Perguntei se ela queria ficar em casa. Ela respondeu, grossamente com o diabo no corpo, que não, que iria pra aula de dança. Eu apenas disse para ela se apressar pois ela já devia saber do tempo restrito. Tensão!
Chegando na escola de dança, todo mundo do lado de fora. A escola estava fechada. Ela me olhou e ordenou que eu fosse embora, que não precisava ficar lá e se esquivou de mim. Eu disse que eu não a deixaria sozinha enquanto a escola não fosse aberta. Ela fechou a cara e saiu de perto de mim. Eu fui atrás dela e disse que ela não precisava ser grossa daquele jeito e eu era responsável por ela e se ela não tivesse aula, teria que voltar para casa. E nestas, todos os outros pais olhando para a minha cara, afinal nunca ninguém tinha me visto com a menina. Devem ter pensado que a bruxa aqui estava maltratando a doce e pequena criança. Foi constrangedor.
Apareceu alguém, abriram a escola e ela entrou. Depois voltei para buscar e a menina seguia mal humorada.
No final do dia, eu dei o meu veredito. O pai chegou para buscá-la e eu avisei que eu não iria mais buscar e nem levar na aula de dança.
O pai tentou argumentar, desesperadamente, dizendo que ela era assim mesmo, alguns dias fáceis outros difíceis. Que era o mesmo com a babá, com a avó, com ele. Pensei: se eles aceitam esta apurrinhação, eu não. Não sou babá e nem parente. Primeiro que eu simplesmente NÃO PRECISO passar por isso. Segundo que,quando eu pensava no valor que me pagavam...o mínimo do mínimo, eu já me achava uma trouxa. 
E daí eu me interessei em pesquisar sobre este universo maravilhoso de tomar conta de crianças.
Encontrei um site só sobre oppas, nanny, gastouders, aupair. Para cada modalidade é um tipo de atividade e um valor. Me dei conta que minha função era a de nanny e eles trataram tudo como oppas, naturalmente, banalizando e baratizando a situação. Claro, eles mesmos não ficam com os filhos...filhos é que nem compromisso social: férias, sair para passear, participar das festinhas na escola... dia a dia mesmo, eles nem sabem o que os filhos fazem. Chegam no final do dia, dão a janta e colocam para dormir. Finito.
A mãe também tentou argumentar, de noite, quando chegou do trabalho e contou que conseguiram descobrir que a menina brigou na escola e por isso estava com o "diabo no corpo". Que o problema não era comigo.
Eu continuei firme na minha decisão e não voltei atrás e falei que ajudei até onde pude, que eu mesma nem filhos tenho e foi uma escolha consciente. Tipo, não vou cuidar dos filhos dos outros.
É muita responsabilidade. Eu já estava ensinando bons modos à menina que já está bem grandinha para sentar de pernas abertas usando vestido. Me chamem de careta. Precebi que a menina é safadinha. Na frente dos pais, uma coisa, por trás outra. É...complicado e resolvi cair fora antes que eu pudesse me dar mal.
Cheguei até a emagrecer de ficar pra cima e pra baixo!
E no último dia, o golpe final. 
Depois de ficar de vai e vem, buscando a menina da escola, levando pra visitar a babá e depois bucar de novo e, junto o menino no carrinho, os levei brincar no parque.
Tudo tranquilo até que a menina chegou dizendo que queria fazer cocô. COCÔ!
Ohhh céus...vamos para a casa. Ela disse que não daria tempo. Abaixou as calças e fez ali mesmo, no meio do parque como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Não, eu não podia acreditar!!! É assim mesmo? Será que eu tinha que recolher o cocô dela que nem se faz com cachorro? Pode isso, Bial????? 
Será que eu tinha que ter perguntado aos pais? Sua filha faz cocô em qualquer lugar ou ela prefere o banheiro? Qual o horário?
Olha...ainda bem que foi o último dia!

2 comentários:

Gisley Scott disse...

Olha eu não entendo porque esse povo faz filho para os outros criarem ou cuidarem ao invés de se conscientizar a respeito se a pessoa tem condição de cumprir com um compromisso que vai durar no mínimo 18 anos.Hoje eu vejo muito da imaturidade das crianças está na imaturidade dos pais.

Ao invés do povo romantizar essa coisa de ter filho, deveria agradecer a quem conscientemente decidiu não ter porque saberia que não aguentaria o tranco. Eu tb não tenho filhos. Minha vida não é kid friendly.

Eu jamais poderia fazer o que faço hoje se tivesse filhos. Tenho um cachorro bilíngue que tenho que deixar na creche porque não tem quem olhe quando vou viajar.

Eu acredito que as crianças estavam jogando a frustração dos pais ausentes em você. Ao argumentar que os filhos são sempre assim, ficou claro para mim que eles não ligam em fazer correções, contanto que outras pessoas estejam lidando com os filhos, tá valendo.

Também tenho casos de família onde os pais fizeram filhos para deixar com os avós pra cuidar, mas só querem as crianças quando estão limpas , arrumadinhas para bater foto e dizer que é mãe exemplar.

Ser pais hoje em dia parece que virou status no facebook.

www.vivendolaforanoseua.blogspot.com

Eliana disse...

Pois é Gisley, seu comentário é muito pertinente. Obrigada. Eu não tenho nada contra crianças, adoro. Meus sobrinhos são loucos por mim rs já fui professora. Tem muita gente que pensa que quem não tem filhos é porque não gosta de crianças. Acho este pensamento ridículo de gente de cabeça pequena...mas enfim...a gente deixa pra lá.
Muita gente quer ter filho porque acha bebezinho fofo, porque todo mundo tem e porque tem que "segurar o casamento" - isto foi o absurdo maior que já ouvi. Já escutei também que a vida deve ser muito triste sem filhos. Já vi muitos casamentos irem pro buraco depois da chegada dos filhos, pela falta de preparo, estresse e imaturidade.
Ter filho é uma decisão muito séria. Vc falou até os 18 anos...ahhh se isso fosse certo...tem filho na barra da saia da mãe até depois de casado, com 50 anos rs
Ter filho é uma das decisões mais sérias que se pode ter na vida. Teve gente tendo filho porque não tinha o que fazer...é sério! No fim o casamento já até acabou! A coitadinha da criança é filha de pais separados. Tenho dó sim de crianças de pais separados por mais que digam que é melhor para a criança porque não vê os pais brigando.
Ter filho é comprometimento total e completo pro resto da vida.