A "Mudança para a Holanda" já aconteceu há alguns anos.
Hoje já tenho uma certa rotina mas, ainda, com algumas coisas novas... assim é a vida.

Muitas coisas aconteceram... nascimentos, amizades novas e fortes, outras frágeis e desfeitas.
E vai-se vivendo e aprendendo, ou não...afinal quem é perfeito? Eu tento...
E a vida ainda segue, meus caros, no "Vivendo aqui na Holanda"...
Seja bem vindo(a)!

sexta-feira, 5 de abril de 2019

A americana

Eu não sei, mas parece que eu atraio gente tratante. 
Gente que não precisa combinar nada comigo, mas que combina as coisas e na hora H, desmarca. 
Gente que não precisa ter meu número, mas pede porque diz que vai me telefonar e NUNCA telefona. 
Gente que não precisa prometer amizade sem fim e diz que a gente tem muito em comum e isso e aquilo. E, bem lá no íntimo, a gente sabe que vai dar em nada, porque tá assim hoje em dia, pessoas vêm e vão. Mas será que tudo isso faz parte de algum código social? De um blablabla inútil porém necessário?
Uns meses atrás, tivemos uma festa grande de família...festa grande mesmo...teve banda ao vivo, cantor das antigas contratado pra se apresentar...enfim, muita gente...
Quando chegamos, a mesa da família já estava assim meio lotada e não tinha mais espaço para nós e tivemos que procurar por outra mesa. Um casal, numa mesa próxima, nos chamou e ofereceu os lugares vagos na mesa com eles.
A moça, origem chinesa, falava inglês. Aliás, foi ela que teve a iniciativa, porque esperar isso de holandês...não rola assim fácil, não.
Na hora, ela se levantou e se apresentou e já foi puxando conversa. Falou que não falava holandês porque estava só há um ano aqui...e contou toda a história da vida dela, numa simpatia sem fim. Americana. Namorado holandês. Aliás, o namorado dela, um jovem senhor também muito simpático. Nos apresentamos, eu pedi desculpas porque meu inglês não é fluente. Ela riu, entendia como era, uma salada de idiomas...que ela também fala chinês e conseguimos engatar num papo legal.
Nós nos identificamos como sobrinhos dos donos da festa e eu perguntei qual era a ligação deles com os titios! O holandês tratou logo de responder que o avô dele era parente do avô do titio. Eu ri e brinquei que estávamos então todos entre família. 
Mas depois, visto como tudo decorreu, fiquei na dúvida se eram mesmo convidados ou penetras na festa. A cunhada do rapaz veio sentar por um tempo com a gente. Quando falei o nome da titia, ela ficou em dúvida. Eu ainda brinquei..."Você não sabe quem é? É a dona desta festa!" A mulher ficou super sem graça...aí depois, sabe, você junta as coisas...enfim...contei até para o meu sogro, falar com a irmã dele.
E a noite seguiu agradável, comida boa, bebida, risadas...vieram outras pessoas e tudo ótimo.
E a americana já foi convidando a gente para ir para a Califórnia levar a vida sobre as ondas, ser artista de cinema, o meu desejo é ser star, só que não rs na casa de praia dela, que era linda. Descreveu a casa toda, falou que iríamo adorar (eu me achando já, me imaginando com os pézinhos na areia, sentindo a água nos pés hahaha) 


O namorado holandês quieto. Nem que sim e nem que não. Nós, meu marido e eu, nos entre olhamos assim, né...tipo...Oi? Tia, como assim ir pra Califórnia na sua casa na praia?
E eu sei, gente, que ela me passou os números dela, email e me rogou para que eu entrasse em contato, que ela gostaria de vir me visitar, pra gente marcar um almoço, fazer passeios...enfim...
Me liga, por favor! Vamos ser amigas!

Aí você pensa...vou esperar uns dias né...não quero parecer desesperada para fazer amigos! hahaha
Eu, sinceramente, ando meio preguiçosa pra ir atrás dos outros, ainda mais com meu inglês vencido, já vi o esforço que iria me custar, tudo para evitar a fadiga. Aí, você pensa e vê até pelo lado positivo. A moça super simpática, gentil...e, né, as férias na Califórnia...vai, que custa? rs Faz contato com a moça. Ela pediu!
Telefonei...o número caiu num tipo de caixa postal. Gaguejei qualquer coisa, morri de vergonha. Nada de retorno. 
Passei um email, um tempo depois.
Nada.
NUNCA MAIS...gente....
E foi assim! A grande amizade, já era!

4 comentários:

Liz Albuquerque disse...

Oi tudo bem? Estou retornando aora ao mundo de blos e fiquei muito eliz em encontrar o seu.
De fato é muito chato esse tipo de coisa eu mesmo detesto, mas pra minha tristeza parece que faz parte da cultura do Brasil esse tipo de coisa, dizer vamos marcar e nunca marcar, vou ligar e nunca liga, enfim. Mas pelo menos você fez a sua parte e ligou pra ela, se isso não virar uma amizade linda não foi por falta de seu esforço, rsrsrs. Gostei muito do post, você escreve bem!

Beijão,
Liz Albuquerque
http://lizslife375.wordpress.com

Eliana disse...

Olá Liz, muito obrigada pela sua visita. Não é só do brasileiro mais este comportamento, mas acho que geral...contatos rápidos e imediatos. Ok, aceitável. Muitas vezes, não moramos próximos, temos compromissos já, inclusive com outras pessoas de mais tempo de amizade, família, outros com filhos...nada contra a conversas e bate papos e ok, depois cada um para o seu lado. Foi bom enquanto durou. Agora se comprometer e, pior, fazer o outro se comprometer sem intenção de levar adiante, é chato...isso eu acho chato. Não tem razão para isso. Hoje estamos muito despreendidos dessas obrigações. Deu deu, não deu tá tudo certo.

Anônimo disse...

Oi Eliana, faz um tempinho que não passava aqui, mas adoro seus textos, dou boas risadas, pois acho suas reflexões leves, inteligentes e divertidas. Boa semana.

Analice disse...

gosto dos seus relatos... obrigada por compartilhar conosco.