A "Mudança para a Holanda" já aconteceu há alguns anos.
Hoje já tenho uma certa rotina mas, ainda, com algumas coisas novas... assim é a vida.

Muitas coisas aconteceram... nascimentos, amizades novas e fortes, outras frágeis e desfeitas.
E vai-se vivendo e aprendendo, ou não...afinal quem é perfeito? Eu tento...
E a vida ainda segue, meus caros, no "Vivendo aqui na Holanda"...
Seja bem vindo(a)!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O bebê, a vizinha e uma alemã


O que tudo isso tem a ver? 
Vou juntar tudo num mesmo post para economizar palavras...e poupa-los dos detalhes sórdidos!
Aqui na Holanda se faz todo um rebuliço quando nasce uma criança. Enfeita-se a casa, envia-se cartões. Os pais podem até ser daqueles que não olham na cara de ninguém na rua. Falar um "hallo" então...é como pedir dinheiro emprestado.
E nasceu uma menininha aqui. Nunca tivemos contato com o casal. Nem de "hallo". Pra ir mais além, não vi nem a moça grávida! Seria ela a Nazaré?  - ela vai voltar!!!! 
E para a nossa surpresa total, recebemos um cartão do aviso do nascimento da garotinha, com o número do telefone deles.
Pânico! E agora? O que gente faz? Os pais estão tão tristes que não têm visitas para receber e querem o apoio moral dos vizinhos? Querem conhecer melhor os seus vizinhos? Querem colecionar cartões de cumprimentos para mostrar à filha quando ela estiver grandinha?
Apesar de ter o marido holandês, ele nestas horas não é de grande ajuda. Ele também acha o povo tão esquisito que disse que não entendia era mais nada.
Sério, gente: entrei até na internet para saber como são as regras de fato. Encontrei de um tudo. É até questão de prova do curso de integração.
A maioria das respostas era: envie apenas um cartão de cumprimentos.
Outros mais sociáveis diziam...compra qualquer coisinha e aparece lá para cumprimentar pessoalmente, é legal.
Deixei o meu lado brasileiro falar mais alto. Ahhh, pare de tanta frescura, vá lá e pronto!
Telefonei antes, claro. O rapaz ficou meio perdido - imagina, parecia que tinha esquecido que deixou cartões na rua toda! Foi simpático e marcou a visita. 
Levei um presentinho e fui recebida cordialmente. Vi a pequena nova moradora da rua!
Sentamos à mesa, serviram café e os famosos "biscuit met muisjes" cor de rosa, lógico!
Ele começou a olhar no relógio. Achei estranho.
Meia hora depois, exatos trinta minutos, sou convidada a me retirar. Eles tinham hora no pediatra.
Doeu no fundo do meu coração.
Lição aprendida: faça a sua parte, mas não espere que eles queiram algo a mais. Já te deram meia hora da agenda deles e tchau! 
E, claro, meu sogro ficou muito orgulhoso de mim! Disse que o que fiz foi muito assertivo. rs
Próximo assunto...


Aniversário da vizinha. Será festa surpresa. Advinha...quase a rua toda convidada!
É normal isso? Fala sério...eu não entendo mais nada. Será que não dá pra ser só a família e algumas amigas dela mais próximas? Será que é tão pouca gente assim?
Eu tenho contato com ela...ela é legal, é. Estrangeira como eu e se mete mais com os outros...talvez por ela ter chegado há menos tempo, ainda tem esperança de criar laços com este povo aqui. 
Eu, sinceramente, fico com aquela impressão do "vocês têm que me engolir".
Lembro até hoje de uma ex amiga que se mudou e, por passagem de seu aniversário, convidou os vizinhos próximos para se conhecerem. Estava todo mundo lá, comendo bolo, bebendo, chá, café...rindo...rindo! Alguém a convidou de volta pra alguma coisa? Nunca!
Veremos o que vai ser esta festa surpresa!


E a alemã, foi uma senhora que conheci encontrei por acaso em Portugal.
Estava eu no telefone falando com a minha mãe na recepção do hotel. Quando terminei esta senhora alemã se aproximou, com um sorriso imenso no rosto...
_Ahhh você é brasileira? Eu escutei você falando ao telefone e identifiquei o seu sotaque e vi que é brasileira! 
Eu confirmei, claro, e ela continuou...
_Nossa, como vocês brasileiros são maravilhosos! Fiquei três meses lá no Brasil, passeando sozinha e como fui cuidada, bem recebida. As pessoas se importam com a gente...nunca vi nada igual. Tenho pena de vocês aqui na Europa...nós não somos tão amáveis como vocês. Deve ser muito difícil toda esta frieza das pessoas daqui.
A mulher só faltou me pedir desculpas! hahah
E ela ainda completou...eu só vim falar com você porque vi que é brasileira...se fosse uma outra alemã, não ousaria! Nós não somos abertos.
Esta senhora só faltou me abraçar e me beijar como se eu fosse artista de tv! hahaha
E aquela era a última noite dela no hotel. Nunca mais a vi.
Lição aprendida: ser gentil, ter um sorriso gratuito no rosto, se importar com o próximo ainda vale a pena!

5 comentários:

rose disse...

Adorei as histórias mas a da alemã achei sensacional. Como brasileira fiquei toda orgulhosa rsrs.
Bjs

Sandra disse...

"Apesar de ter o marido holandês, ele nestas horas não é de grande ajuda"...hahahaha, Só trocando a nacionalidade dos maridos.. hehe comigo acontece o mesmo quando tenho que tomar decisões para certos eventos.
Gente... esse povo é formal e sempre será. Por mais que a gente queira deixar o lado brasileiro aflorar, não tem jeito. Se eles não tiverem conhecimento, como a senhora que você citou no último texto, tem sobre a nossa gente, eles vão sempre agir com essa "frieza" mesmo. Enfim, a gente vai fazendo o que pode! Bjs

Anônimo disse...

Adoro a forma como escreve e descreve as diferencas culturais, leio sempre mas nunca comento. Feliz Natal! Bjs kel

Eliana disse...

Oi Kel, legal saber que, mesmo quietinha, você tem acompanhado o blog! Obrigada pela sua atenção! Feliz Natal!

Xica Maria disse...

Vale apena sim!
Mas nem todos europeus são assim frios... os portugueses são muito amáveis! :)