Ela está muito preocupada com os pais, meus sogros. Ainda mais por conta da minha sogra.
Sabe, tem uma coisa que é difícil, achar que as pessoas vão mudar, ainda mais numa certa altura da vida: os costumes, o jeito de viver. Eles pensam: se já cheguei até aqui deste jeito e deu tudo certo até agora, fica assim mesmo, ainda mais agora, que falta pouco.
É o que sinto no meu sogro. Ele tenta mostrar que tudo está bem, do jeito que dá pra levar, tentando fazer tudo do jeito como sempre foi.
Eu, na minha mais singela opinião, penso que não podemos interferir muito. Podemos ir até um certo ponto, mas mais do que isso é complicado. Tirar a autonomia deles, não seria bom.
Eu acho que cada filho acaba tendo um tipo de relação com os pais. Fato.
As minhas cunhadas têm muito mais liberdade com a mãe do que os filhos homens. É assim. É um espaço que eu nunca vou ter, por mais legal que seja a minha relação com a minha sogra.
Minha cunhada acha que a gente tem que fazer as mesmas coisas que ela faz com a mãe. Não dá. A relação que o meu marido tem com os pais é mais formal. E, naturalmente, eu, estrangeira, fiquei sim pra escanteio. Se isso foi de propósito, não sei. Não julgo. É um fato.
Vejam bem...minhas cunhadas se revezam levando a mãe pra casa delas, um dia na semana. Uma semana na casa de uma e uma semana na casa de outra.
E o que ela faz lá? Ajuda as filhas...passa roupas e ajuda a cozinhar.
Quando eles estão aqui em casa, ela é visita. Eu não tenho coragem de aproveitar dela aqui em casa.
Já o chamamos, várias vezes, para virem fazer as refeições aqui.
No aniversário do meu sogro, ele não quis fazer nada. Liguei e falei para virem pra cá. Fiz um jantar especial para ele.
Agora quando chega fim de semana, feriado, férias...é cada um com sua familinha, viajando e curtindo. Ou seja, minhas cunhadas vão cuidar da vida delas..."a obrigação"do dia da semana foi cumprida.
Enfim, para mostrar que estamos diponíveis, não ignorando toda a situação problemática da família no momento, nós decidimos chamar os meus sogros pra viajar com a gente.
Fomos aqui do lado mesmo: Alemanha. Caso acontecesse alguma coisa, meu sogro poderia facilmente voltar pra casa com a minha sogra.
Ele não tem viajado mais com ela como antes mas, conosco, ele topou.
Foi legal, muito gostoso mesmo. Porém voltamos muito mais cansados do que fomos. Minha sogra, assim no dia a dia, está bem, mas a gente tem que ficar ligada nela.
Ela ficou surpresa ao nos encontrar no hotel quando chegou. Eu disse que a gente tinha ido fazer uma surpresa pra ela.
Cada manhã era um novo encontro. Ela ficava surpresa ao nos ver chegando para o café da manhã.
No fim da tarde, ao nos reencontrarmos para o jantar, mesmo depois dela ter passado o dia todinho com a gente, de novo, era um primeiro encontro.
Por acaso, havia um casal no hotel, vizinhos de rua deles.
Gente, minha sogra ficava injuriada com a mulher, que era muito simpática. Minha sogra não se conformava que a mulher vinha toda cheia de intimidade conversar com a gente. Claro, ela não sabia mais quem eles eram.
Nunca falávamos do dia anterior. Meu sogro, às vezes, mencionava algo e ela olhava e questionava. Ele explicava e ela se calava.
Em alguns momentos, ela falava coisas que a gente sabia que não tinham acontecido.
Estávamos numa cidade e ela disse que, no dia anterior, andou por lá e encontrou uma conhecida. Totalmente absurdo.
E todas as vezes que chegávamos no hotel, ela perguntava o porquê de estarmos lá.
Algumas situações ela revelava a sua teimosia.
Nos restaurantes, ela queria empilhar os copos e pratos na mesa. Quando eu disse que a funcionária do local arrumaria tudo, ela disse convicta de que ela também trabalhava lá e por isso estava fazendo o trabalho dela.
Meu sogro leva tudo do jeito que dá pra levar ou faz mesmo vistas grossas.
Ela se queixou muito de dor nas costas, depois dos nossos passeios. Falei para o meu sogro que eram as botinhas de salto dela. Era melhor comprar sapatos mais confortáveis.
O que ele faz? Vai falar com ela e ela disse que estava tudo bem, que ela podia muito bem andar de saltos! Ele faz assim, espera pela decisão dela quando ela nem mais assimila nada. Difícil.
Enfim, a conversa em família ainda não aconteceu.
Meu marido falou com o meu sogro a respeito e ele disse que a gente não tem com o que se preocupar. As coisas são como elas são.
Lógico, ele tenta, ao máximo, levar tudo da forma mais normal possível, afinal ela é a mulher dele e ele quer preservar a vida deles, como um casal. No entanto, ele ainda deixa ela decidir as coisas e isso, em alguns pontos, não é mais possível.
Agora eles têm uma faxineira, escondido da minha sogra. Na cabeça dela, ela faz tudinho em casa.
Estou tentando convencê-lo a contratar um serviço de entregas de refeições...porque chegou num ponto que ela nem se lembra de que precisa comer. Meu sogro tem cozinhado...mas sabe Deus o que andam comendo.
As minhas cunhadas não realizaram que têm coisas muito mais importantes e práticas a serem colocadas em ação do que simplesmente levar a mãe ficar com elas um dia na semana, para o meu sogro ter um tempo só para ele.
Enfim...veremos se esta conversa vai acontecer mesmo e quando.
2 comentários:
Eu assisti, Para sempre Alice, sobre o mesmo mau de sea sogra.
Na minha família, muito matriarcal,o limbo deixado pelas mulheres após a passagem é irreversível. Foi assim com minha avó, foi assim com minha mãe.A doença de figuras chaves da família pode trazer a desunião por mexer na zona de conforto de todos e isso é qse uma ofensa.
Há aquelas famílias que se unem,abraçam a causa, espero junto com vc que esse seja o caso.
Eu sempre falo o que penso,no caso da família de meu marido em relação à minha sogra, o povo dele tem duas opiniões ao meu respeito uma boa, outra impronunciável, principalmente quando o q falo vai de encontro ao interesse da maioria
e assim sempre será. Portanto, eu nunca deixo de me meter, gosto muito de minha sogra, acho q cedo ou tarde a pulga q joguei vai picar alguém.
É importante tentar ao máximo, sempre.
Boa sorte na decisão dessa família.
Bj
Rosa, ainda não vi este filme...mas uma hora eu paro e vejo. Você falou algo certeiro..."zona de conforto". Os papeis se inverteram e não é mais a minha sogra no comando de tudo e os comandados estão mais perdidos do que cegos em tiroteio. Pior, tentando levar como se ela ainda fosse totalmente capaz.
Eu também não consigo ficar indiferente. A história dos sapatos, por exemplo, escrevi pra duas filhas e falei que tomassem uma providência. Disse que minha sogra precisa de histórinhas pra se obter algo dela...elas que usassem da criatividade. Se seguiram meu conselhou, não sei...mas fato é que uma das minhas cunhadas me escreveu e disse que tinha conseguido comprar novos sapatos para a mãe. Ufa...deu certo... como vc disse: a pulga sempre pica alguém rs
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