Já faz é tempo que estou ensaiando para vir aqui, mas é sempre uma coisa e outra que se passa que me interrompe. Tenho todo o post mentalmente na minha cabeça, mas sentar e escrever é um outro ponto.
A última coisa que decidi fazer foi sair da minha zona de conforto. Dizem que a gente se acomoda né, e quando a gente não faz nada, vem o destino e apronta com a gente.
No meu caso, não esperei pelo destino e me lasquei do mesmo jeito.
A Holanda é o centro dos trabalhos voluntários, todo mundo aqui quer ser útil e já me questionei muito o quanto este povo é caridoso, só que não! rs
Eu já saquei muita coisa por aqui e, por isso, às vezes, reluto em ir atrás das coisas porque quase sempre é arranjar sarna pra se coçar, mas tá, vamos tentar, quem sabe a coisa mudou, tem tanta gente no mundo, algo há de sair como eu espero.
Resolvi que queria retomar meu estudos de holandês. Sabe aquele nível que não melhora? Você fala, mas sempre faltam as palavras, as expressões, o pulo do gato. Decidi que desta vez eu ía atrás, tomar uma atitude.
Aqui na cidade tem uma instituição de voluntários, denominados de taalcoach. Aliás, vocês já repararam que hoje tem coach em tudo quanto é esquina e pra tudo? Pra mim já avacalharam geral mesmo, esculhambaram com o psicológo, o pastor de igreja, o guru, o vidente, o professor, o orientador vocacional, o padre...pra tudo hoje o coach resolve tudo. Ou quase tudo! rs
E eu topei com um voluntário que está trabalhando nesta área: é coach. Quando ele me falou, minhas anteninhas já ficaram ligadas. Mas tudo bem, ele não vindo pro meu lado. Tudo o que eu queria era que ele me ajudasse com a língua nativa dele e eu com o português, pois ele também tinha interesse no meu idioma. Achei ótimo.
Fui conhecê-lo num lugar público e neutro. À primeira vista, fiquei bem contente. Senhor simpático, falante e me perguntou muitas coisas. Bom, normal, eu não tenho problemas em dizer o que fiz, no que trabalhei, o que estudei. Só achei estranho quando ele me perguntou seu eu tinha levado meu curriculum. Claro que não. Não estava indo para uma entrevista de emprego. Por que levaria um curriculum comigo? E foi só no final do papo que ele me contou o que fazia. E, claro, me recomendou que eu enviasse meu curriculum assim que possível.
Adendo 1: o taalcoach vem na sua casa. Até nisso eu fui condecendente. Sabem por quê? Porque holandês nenhum deixa você entrar na casa dele, assim do nada. Então, por que raios eu tenho que deixar vir gente, que eu nunca vi, na minha casa? Não gosto disso. Mas... tudo bem, sirvo um café, umas bolachas e pronto, afinal a pessoa vem com a maior boa vontade, até a minha casa, me ensinar e eu nem preciso sair do conforto do meu lar. Resolvi ceder neste quesito.
Adendo 2: encontros das duplas (voluntário e estudante) numa noite de "kookavond". Ou seja, você cozinha para os voluntários. Meu...eu já cozinnho todos os dias na minha casa e quando rola uma baladinha eu tenho que ir cozinhar para outros? Por que não irmos todos para um restaurante, eu até pago a parte do voluntário se for o caso, em agradecimento! Mas tudo bem, resolvi ser flexível neste ponto.
Adendo 3: eu também fui convidada a trabalhar voluntariamente com a organização. Olha que legal, para ganhar salário eu não sirvo, mas para trabalhar de graça eu tenho competência! Até isso me animei a fazer.
Ficou tudo combinado. Ele me enviaria uma confirmação apenas do horário.
No final da tarde já recebi o email, tudo bem rápido. Mas o conteúdo da mensagem não me agradou. Algo ali tinha um teor que me deixou em estado de alerta.
Veio com um papo de que ía investir o tempo dele para trabalhar na minha apresentação pessoal e na busca de trabalho.
Para tudo! Eu não pedi nada disso. Para tudo de novo! Como assim ele decide uma coisa e pronto?
E incluiu a mulher dele no meio, pois ela somaria muitos aos nossos encontros semanais e ela poderia significar muito para mim. Hummm, cuma? Não chamei ela pra vir na minha casa. Quem falou que eu quero que ela signifique algo para mim?
Esperei marido chegar, porque sabe como é: ler em um outro idioma pode trazer alguma interpretação equivocada e como o marido é gente que nem eles rs de repente ele poderia entender de uma forma melhor. O taalcoach de repente só queria fazer amigos, me dar uma dicas aí e eu levando tudo a ferro e fogo.
Pois bem, marido leu e aí o caldo entornou pro meu lado!
Ele já entendeu que eu já tinha combinado que o cara ía ser meu coach pra toda uma vida, que a mulher dele ía me catequizar e que no final do mês a gente ía receber uma bela fatura dos serviços prestados pelo coach à minha pessoa.
E quando eu vi, eu estava me justificando pro meu marido, que não era nada daquilo do que ele estava pensando! hahaha E eu me senti uma idiota.
Coach fdp!
Aí o meu sangue subiu pro olhos e disparei, no meu melhor holandês, uma mensagem direta e reta.
Perguntei ao senhor simpático se ele estava me oferecendo seus serviços profissionais de coach. Esclareci que eu não queria treinamento, coaching, conselhos, simpatias, nada para o meu setor profissional e que quando procurei pelos voluntários foi com o único objetivo de melhorar meu holandês e de ajudá-lo com o português, e que tudo isso era gratuito, trabalho voluntário. E que aquela mensagem me fazia entender algo além do combinado.
E aí? O que todo holandês faz quando é confrontado? Sai pela tangente.
Respondeu que tudo não passou de um mal entendido e ainda continuou a afirmar que a mulher deles significaria muito para mim.
Depois deste aborrecimento e com os meus dois pés atrás, pensando que eu corria o risco de me meter com gente chata, intrometida, que perderia o meu sossego, minha privacidade, eu cancelei tudo numa mensagem, que tinha todo o assunto discutido com ele, para a instituição de voluntários.
Seria ele, na pele de voluntário, a querer engabelar seus alunos e oferecer seus serviços? Ou a instituição ganha uns trocos promovendo estes "encontros"usando o idioma holandês como isca?
Só sei que não veio uma resposta, nem do taalcoach e muito menos da instituição organizadora dos voluntários.
E eu sigo na minha zona de conforto, obrigada! E obedeci a minha mãe que nunca dá palpites, mas quando eu contei para ela o que estava acontecendo ela foi a primeira e categórica no: CAIA FORA!
Desobedecer mamys...noooit!
9 comentários:
Mas que coisa de doido!
Ja percebeu que esses caras fazem as cagadas e somos nos que nunca entendemos? Ta nada facil
Exatamente, Luana, a gente é quem NUNCA entende, sempre assim. Cansa ficar sempre na defensiva, por isso que eu fico no meu canto. Detalhe, que se eu respondo aquele email dele, achando muito atencioso, que pessoa boa este voluntário, estaria, praticamente, concordando com os serviços dele. E depois ele jogaria na minha cara que eu aceitei. Tem que ficar esperto, ainda mais que a gente bem sabe a quantas anda o mercado de trabalho. Agora se ele soubesse de algo e quisesse me indicar diretamente ou indiretamente, tudo bem. Este tipo de coisa é normal. Agora investir o tempo dele numa coisa que eu nem pedi, isso não existe.
Eliana, estava com cara de ser mesmo a maior roubada. Fez muito bem em
cancelar nada de confiar demais em quem vc nunca viu mais gordo rsrs. Eu achei o papo dele muito estranho.
Bjs :)
Eliana, esqueci de colocar meu nome e saiu como anônimo.
Bjs Rose
Oha, aqui em Den Haag tem umas coisas bacanas de voluntariado, mas devo lhe dizer que muitas instituiçoes eu vejo como vc disse "pra trabalhar de graça eu sirvo, mas pra ganhar não?".
Fui em uns encontros e vi muita gente querendo se fazer as custas dos outros e como vivo com os dois pés atrás, cai fora antes mesmo de ser percebida hahhahaha já pra não passar mais raiva.
Esse papo de "coach" é algo que me incomoda demais, vivo com a eterna impressão que não passam de trambiqueiros querendo ganhar a vida fazendo lavagem cerebral. Pode até existir gente seria e competente, mas até hje não conheci NENHUM que fugisse desse esteriotipo.
E é engraçado que nesse mundo de "coach" todo mundo é feliz, bem resolvido, bem de vida, vc ja percebeu? Mesmo que na realidade não seja la bem assim.
Me chamem de conformada, mas a verdade é que já passei da idade de pagar pra ver. Agora eu pago pra ficar no sossego kkkkkk
Beijocas, querida.
Ola, cheguei aqui no seu blog por acidente mas gostei de saber um pouco mais sobre como as coisas sao na Holanda.
Esse negocio de "coach" e a febre do momento no mundo ne, como alguem ai em cima comentou, no mundo dos coach todo mundo e feliz, bem resolvido, bonzinho e por ai vai...Mas eu tambem nunca vi um "coach" que nao era treta. To chocada com essa situacao que voce passou, que coisa mais absurda, acho que voce fez super bem de cair fora, isso tava com cara de golpe...e o melhor e que evitou dor de cabeca desnecessaria.
Beijinhos.
Nossa, eu achei desde o começo da história tudo muito estranho, muita cara de roubada mesmo!!!! Fez bem em cair fora. Adorei o papo ontem :) Bjs Ma
Pois é Dona Rose, põe estranho nisso! Quando a esmola é demais o santo desconfia! rs
Ingrid, que legal te ver por aqui! Fiquei feliz com a sua visita e espero que tudo esteja bem com vocês por aí! O seu menino deve estar um rapaz! rs
Eu também acredito que tenha coisas legais sendo feitas voluntariamente, mas pelo que a gente conclui, tá cheio de oportunista. Eu nem condeno unir o útil ao agradável, as que seja tudo às claras, sabe. Assim é a gente quem decide se quer aquilo ou não.
Às vezes fico pensando se sou eu emperro com as coisas, mas às vezes me parece tudo tão injusto. Eu não quero ficar vendo cabelo em ovo. Mas é bom ter o seu ponto de vista aqui. Obrigada.
Monique seja bem vinda! Pois é...coach é a nova onda do momento...nem sou assim tão contra porque eu sei que trabalhos assim podem orientar e ajudar muita gente quando é sério, mas hoje em dia parece que todo mundo pode. E, às vezes, o tal coach tá mais perdido que cego em tiroteio. rs
É Marcela, mas a gente vai se divertindo e juntando história pra contar!rs Pois é, de vez em quando a gente pode jogar um pouco de conversa fora, é sempre bom! rs Bjs
Eu achei que só eu que não suportasse essa palavra "coach". Cada vez que vejo algum evento ou alguém se auto intulando "coach", eu pulo fora, rs... Realmente todos eles parecem pessoas felizes e bem resolvidas, mas acho que uma grande parte é só um pessoal que entrou nesta onda/moda. Pronto, falei!
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