A "Mudança para a Holanda" já aconteceu há alguns anos.
Hoje já tenho uma certa rotina mas, ainda, com algumas coisas novas... assim é a vida.

Muitas coisas aconteceram... nascimentos, amizades novas e fortes, outras frágeis e desfeitas.
E vai-se vivendo e aprendendo, ou não...afinal quem é perfeito? Eu tento...
E a vida ainda segue, meus caros, no "Vivendo aqui na Holanda"...
Seja bem vindo(a)!

sábado, 17 de outubro de 2015

A semana


Quando estou pra receber visita, eu me preocupo. Eu fico aqui pensando em tudo o que é possível fazer para a pessoa não se aborrecer, conhecer lugares legais, não passar aperto com a comida etc etc etc... ver promoções de trem, comprar os tickets, explicar como funciona o trem (eu vou junto mesmo que é melhor rs), programar os passeios, ver a previsão do tempo.
Tudo isso, porque eu sei que aqui é complicado. Bom, complicado para quem não se esforça, não fala inglês, não lê instruções e não ousa sair e se virar e, pior, não sabe o que quer conhecer.
Pegar o trem que separa no caminho e cada compartimento vai para um lado no meio da viagem e onde a instrução é somente em Holandês, realmente, não é para os fracos! Coitado do turista.
Sabe, eu sou é tonta, isso sim. 
Quem tem que saber o que quer ver é a pessoa que tá vindo e não eu. Quem tem que saber onde quer ir é a pessoa e não eu.
A minha frustração é ver a pessoa não ter interesse por nada ou nem saber o que é que tem para ver.
E eu recebi uma pessoa assim aqui, esta semana.
Ela sabia que só queria ir para Amsterdam e ver o tal letreiro gigante. Era o único desejo.
Entramos numa catedral super histórica, em outra cidade. Pergunto se a pessoa quer entrar, porque afinal o valor a ser pago, para visitar a igreja, era simbólico e a resposta que ouço é que não precisava, pois ela não era católica. Me diga, o que quem tem a ver religião com cultura e história?
Normalmente, você entra no hall da igreja e de lá você já vê tudo. Realmente, em muitos lugares, nem precisa mesmo entrar. E, até entendo, que você pode entrar numa ou realmente nem se interessar, mas enfim, cada um com seu gosto.
Só tira foto de fachadas de prédios e anda pelas ruas.
Num passeio guiado por áudio no barco, não ouviu nada porque andou de um lado para outro para fazer fotos, onde a maioria, tenho certeza, não registrou nada de importante. E, se sim, ela não saberá o que é porque não ouviu o áudio explicativo que, inclusive, estava em português.
Quem é Anne Frank, mesmo? 
No trem, é possível ver a paisagem do caminho...mas pra que olhar se o FB tem coisa muito mais interessante pra ver? A tonta aqui ainda avisa a fulana sobre algo interessante e ela parece se aborrecer porque, claro, tá aproveitando o wifi do trem pra baixar fotos na rede social e eu estou atrapalhando.
Quase toma uma multa federal no trem. Em vez de dar o ticket certo para controle, deu um velho. A pessoa fala inglês? Não. A pessoa pergunta algo? Não. Lá vai a tonta aqui falar com o fiscal e esclarecer a situação.
É de bom tom agradecer quando alguém te serve, te dá uma informação. Veio pra um intercâmbio para aprender inglês e não aprendeu a dizer um "thank you"????
A minha casa não é hotel. Eu não tenho empregada e nem faxineira. Custava perguntar se podia ajudar na cozinha, tirar a mesa? Chegou no ponto de eu servir a pessoa na mesa. Porque a pessoa sentava e lá ficava, esperando.
Um dia eu mandei colocar a louça na máquina. Estava se levantando e indo para o sofá ficar no celular. Chamei de volta.
E quando você faz uma comidinha mais gostosinha porque tem visita e a pessoa se serve e depois fica cutucando a panela para pegar as coisas mais gostosas? Meuuuu, quase tenho um ataque de catapora na mesa! hahahah
Levei para conhecer o centro da cidade. Ela não levou a máquina fotográfica e depois se surpreendeu de como a cidade onde moro é bonita. Não fez uma foto. hahaha Mas ela disse que não podia imaginar que aqui era tão bonito.
Marcou o vôo, para seguir o tour pela Europa, de manhã bem cedo e fui eu quem perguntou sobre, porque se eu não tivesse visto, ela teria se lascado de verde e amarelo, pois não planejou o tempo de deslocamento pro aeroporto.
E para a casa da "outra amiga", para onde ela seguiria daqui, não vi a moça movendo uma palha para ajudá-la a chegar lá. Eu que tive que ver as coisas daqui. A "amiga" dela disse que não sabia ver nada porque não costuma ir praqueles lados onde ela chegaria.
Pode isso? hahaha
Não como isso, não como aquilo. Não gosto. O pior, nunca comeu. O que é típico holandês?
Ahhh tem o haring, o peixe cru defumado. Fez aquela cara de nojo. Tá, eu sei, eu, por exemplo, não gosto de caviar, nem de ostras e escargot, mas nunca fiz cara de nojo para quem já me ofereceu. Agradecia e dizia que para o meu gosto, era um pouco demais, mas que comeria qualquer outra coisa.
Vem fazer o quê então num país diferente? 
E eu fiquei pensando se eu já não tive esta postura!
Não, não tive. Cada lugar que eu conheci, eu sentia uma emoção tão grande pois eu sabia o que tinha acontecido ali, da importância do lugar, do monumento, do local.
Conhecer novos sabores era uma aventura de novas descobertas. 
Gente assim, com esta postura, não devia sair do Brasil. Pra mim é jogar dinheiro fora, ainda mais com o valor do Euro no Brasil pela hora da morte! rs
Bom a visita não é minha amiga. A recebi em consideração a minha amiga. Queria muito que ela, minha amiga, também tivesse vindo de novo, porque ela sim, mesmo não falando inglês, sabia onde queria ir e ver e me perguntava sobre as coisas, ousava experimentar, conhecer. Outra postura. Gente assim dá gosto levar passear e mostrar as coisas.
Ela disse que gostou muito, foi embora bem contente. Tomara que tenha sido isso mesmo.

5 comentários:

Adriana disse...

Puta q pariu viu. Tem gente q nao tem um pingo de noção. Q coisa chata. Eu sempre penso nisso de ter visita. Pq eh foda, vc tem uma vida aqui. Tipo trabalha e tudo e mesmo assim tenta fazer de tudo para a visita aproveitar, mas com uma igual essa sua ai fica dificil.
Quero morrer com gente q abusa da boa vontade alhei. Porra não podia nem oferecer para ajudar na cozinha? Eh muita folga mesmo viu

Sandra disse...

Ai, eu tive uma visita parecida com essa no final do ano passado, com a diferença que eles não se hospedaram em casa. Como você, fizemos o favor de passear um dia com eles (era um casal com duas crianças. Ela é cunhada de uma super amiga minha). Fomos em uma cidade histórica, linda... mas cadê interesse da parte deles? Fora que eles nos deixaram 1 hora esperando. Fiquei irritada, não por causa do atraso em si, mas porque não mandar um sms, what's up?? Sei que eu dei uma desculpa qualquer para não encontrá-los no dia seguinte. Fiquei sabendo depois que eles tiveram muita dificuldade para se "virarem" por aqui (mesmo caso, não falavam inglês, ou falavam muito pouco). Realmente, gente aSSIM não dá gosto mesmo de levar pra passear. Só pensam em shopping shopping shopping. O ponto alto do passeio deles em Zurique foi a compra de um Ipod que custava menos do que no Brasil.. aff... nada contra shopping, mas um pouquinho de interesse em outras coisas, podiam ter tb.

Ana Célia disse...

Nossa Eliana. Vc é uma santa! Receber gente que não conhece e ainda por cima folgada.
Eu também quando viajo adoro saber sobre a historia do local, comer comida diferente, ver lugares que não sao tao turisticos.
Azar dela que podia ter aproveitado tanta coisa com uma anfitriã como vc ao lado, e não aproveitou!

Bjo!

Gabi disse...

Eu realmente não entendo gente que não se interessa por nada, que sai do Brasil por 15 dias e fica querendo comer McDonalds ou achar um restaurante brasileiro. Mas pior que gente desinteressada, é gente folgada. Essa sua ~visíta~ aí era uma folgada! Eu já fiquei na casa de amigos em alguns lugares, sempre fiz questão de pular da cama e arruma-la, deixar minha mala fechada num cantinho, lavar louça, dar aquela força na limpeza, e deixar minha presença o mais imperceptível possível. Deus me livre de ir atrapalhar o dia a dia dos outros. Que falta de noção!

Ma disse...

Ah, mas você ainda foi muito boa! Eu não recebo NUNCA amigo de amigo que não conheço na minha casa, sou bem antipática mesmo. Aliás, mesmo os amigos conto nos dedos aqueles que ofereço hospedagem. Eliana, nem família, se for daqueles chatos que só vão querer me alugar e montar em cima pra eu ficar servindo, pode ir pra um hotel. E eu falo mesmo, não tenho a menor vergonha de dizer não. Acho as pessoas muito abusadas. Todo mundo quer ser servido, querem comida na mesa e nem arrumam a própria cama. E a gente ainda tem que rebolar pra fazer programa legal. Tô fora hahahah. Eu adoro fazer passeios como vc falou, entrar em igreja, museu, barco, andar pela cidade e conhecer ruas diferentes. Neguinho vem e só quer ir ao shopping comprar, não entendo isso! Beijo